No mês do Natal, malabaristas, aramistas, palhaços, domadores e trapezistas fazem o espetáculo na sala de audiências do Vaticano
Ivy Fernandes, de Roma
Apesar da chuva intensa, circenses de todas as partes do mundo desfilaram na avenida que leva à Praça de São Pedro, em Roma, na sexta-feira, 30/11, e movimentaram a cidade. Eles vieram participar do encontro promovido pelo Pontifício Conselho Pastoral. O encontro se repete, anualmente, no mês do Natal, época em que os circos se apresentam em várias cidades da Europa.
Famílias de artistas de várias gerações no picadeiro prestam homenagem ao papa. O encontro reúne circos itinerantes e é dedicado àqueles artistas e operadores que trabalham em constante movimento no circo, de um lado para outro do mundo, com as caravanas e os chapiteau, que são estruturas de lona, montadas e desmontadas com frequência.
Foi instalado um telão vermelho para chamar atenção do público sobre a audiência especial com o papa com os artistas do circo. Operários da associação circense fizeram a instalação.
No sábado, 1º/12, o papa Bento XVI recebeu 7 mil circenses no Vaticano, na Sala Nervi (todo o conjunto arquitetônico do Vaticano foi feito pelo arquiteto Nervi – daí decorre o nome Sala Nervi), destinada a audiências, e que tem capacidade para 7 mil pessoas. Todos queriam ver e ouvir o papa e também participar do espetáculo circense.
Depois de agradecer aos participantes que chegaram à Roma para participar do evento no Pontifício Conselho Pastoral, em 2012, considerado o Ano da Fé, o papa falou a milhares de circenses. Afirmou que esses artistas “oferecem oportunidade de entretenimento saudável”. Declarou também:
“O que distingue a grande família do circo é a capacidade de usar uma linguagem particular e específica da arte circense, compreendida por todos. A graça nos espetáculos, a dança das coreografias, o ritmo da música mostram o caminho para a comunicação, estabelece-se um diálogo sem barreira de idade e que provoca sentimentos de serenidade, alegria e concórdia. Com números variados e originalidade nas exibições, os circenses sabem criar o belo, o engraçado, o mágico: momentos de felicidade”.
PAPA BENTO XVI
A festa durou a manhã do sábado (1º/12), por mais de quatro horas. O papa Bento XVI mostrou-se encantado com os números dos malabaristas e ginastas que se exibiam na Sala de Audiência. Mas o que mais o entusiasmou foi a entrada em cena de um leãozinho, de dois meses.
Depois de o papa acariciar o animal e pedir informações sobre a vida do bicho, o leãozinho subiu ao palco e acabou por se esconder atrás da batina branca de Bento XVI .Talvez para se proteger dos flashes dos fotógrafos.
Cartaz noticia encontro do papa com o mundo circense
Um dia inesquecível! Um dia de Leão.
Em outro momento, Bento XVI falou para o público, na sala Paulo VI, que tinha conhecimento das dificuldades profissionais dos circenses, o que o fazia admirar-lhes ainda mais, porque, apesar dos obstáculos, atores e atrizes conseguem divertir as pessoas. O papa elogiou o ambiente salutar da vida familiar circense, que exercita o diálogo entre gerações, baseado no amor pelo trabalho e na amizade.
Bento XVI mostrou-se preocupado com a formação educacional da criança circense, com a falta de espaço para os circenses armarem a lona, obter alvarás, autorizações de residência para artistas estrangeiros.
Pediu que os circenses se mantivessem longe do pessimismo e espalhassem, como sempre, a esperança.
Papa tem dois gatos de estimação
O papa tem admiração pelos felinos. No apartamento privado onde mora, comenta-se, ele tem dois gatos de estimação e dizem que ele não se separa dos animais mesmo enquanto trabalha em seu escritório: os gatinhos ficam debaixo da mesa.