“Dona Cristina Garcia, aqui quem fala é o Palhaço Gaivota, aqui do Ceará. Sou proprietário de um circo bastante pequeno. Os circos, aqui no Ceará, estão todos parados. Eu tenho minha família e netos, aqui no município de Monbaça, no sítio Zorra, nós estamos sem nada. Até agora não conseguimos nada da prefeitura e nem de ninguém. A gente está sem meio até de sair, porque até os transportes pararam de funcionar”.
Palhaço Gaivota, Monbaça-CE
Pedidos de socorro como este chegam a cada meia hora na caixa de whatsapp da Maria Cristina Teixeira Garcia, diretora executiva da Pastoral dos Nômades do Brasil. Segundo ela, a orientação que a Pastoral dos Nômades está dando aos integrantes de circo e aos ciganos é de que procurem as paróquias e comunidades mais próximas para pedir apoio.
A Rede Brasileira de Circos do Brasil estima que cerca de 2000 unidades itinerantes distribuídas em todo território nacional tiveram que abaixar a lona dos picadeiros e suspender as atividades. Eles vivem exclusivamente da arte circense e do empreendedorismo familiar.
Em carta enviada aos secretários municipais e gestores da cultura de todo o Brasil, a Rede Brasileira pediu atenção especial à categoria que já está sofrendo grandes impactos em função do término das atividades para evitar a circulação do vírus.
A Pastoral dos Nômades, em função da pandemia do coronavírus, vem reforçando as recomendações da carta que divulgou desde o dia 15 de março. Uma carta com recomendações para a população nômade, especialmente aos chefes de circo e comunidades ciganas, é evitar a circulação e interromper as atividades por cerca de 30 dias. Ao povo de Deus, a Pastoral dos Nômades recomenda solidariedade com os trabalhadores do circo que, por questões sanitárias, tiveram que interromper suas atividades, sua fonte principal de sustento.
O bispo de Eunápolis (BA) e referencial da Pastoral dos Nômades do Brasil da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom José Edson Santana Oliveira, na carta, conclama a Igreja em todo território brasileiro a tratar de foma mais humana e generosa a todos os irmãos nômades, em função de ser um povo que está em constante movimentação.
Convidado os fiéis a acolherem, especialmente os nômades, o bispo lembra dos versículos de Matheus 25, “Quando foi que o vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar? Então, o Rei lhes responderá: ‘em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!’”. Leia as orientações na integra, em PDF.
Um especial da CNBB