Padre Renato Rosso: Jubileu de ouro de uma incrível história de evangelização

O “padre cigano”

A vocação do pe. Renato Rosso como “cigano” surgiu na década de 1970, na mesma Turim em que nasceram o Sermig e o Arsenal da Paz – modelo italiano que inspirou o Arsenal da Esperança em São Paulo. O pe. Renato acompanhou todos os passos dessas instituições com grande participação.

Boletim paroquial da ordenação de Pe. Renato – Foto: Acervo pessoal da Ignez

Para explicar o porquê da sua “vida cigana“, o missionário relata um episódio ocorrido em sua terra natal: certo domingo, ele encontrou uma família de ciganos na porta da igreja, esperando a missa acabar. Eles queriam rezar, mas não encontravam na igreja ninguém que fosse “do mundo deles”. Sentiam-se forasteiros. O pe. Renato se convenceu então de que não bastaria visitar os ciganos: ele precisaria “se tornar” um deles.

A Pastoral dos Nômades

31ª Assembleia da Pastoral dos Nômades do Brasil, Cajazeiras-PB, com a presença de Padre Renato Rosso, nosso fundador.

Não se pode apontar uma origem exata da pastoral católica a serviço do povo cigano, circense e parquista, mas, oficialmente, no Brasil, a Pastoral dos Nômades foi criada em 1985. E o pe. Renato Rosso teve protagonismo nessa empreitada: ele fixou residência no Brasil, morou com os ciganos e organizou a pastoral, trabalhando em conjunto com o então bispo de Caxias do Sul, dom Benedito Zorsi.

Há diversas teses a respeito da origem do povo cigano, mas uma das mais aceitas é que eles surgiram na Índia entre os anos 500 e 1000 d.C. e se espalharam em seguida pela Europa.

No Brasil, há relatos de que o primeiro cigano tenha chegado em 1547. Hoje, eles são mais de 800 mil no país, enquanto somam mais de 36 milhões no mundo todo.

Inculturação

Atender pastoralmente a população cigana exige compreensão e respeito às tradições, hábitos, língua e cultura próprias desse povo. O pe. Wallace Zanon, um dos sacerdotes que atuam na Pastoral dos Nômades, realizou uma experiência de imersão na cultura cigana ao morar durante quatro anos em acampamentos no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.

O pe. Wallace destaca valores cruciais desse povo, como a unidade familiar e a partilha. Em entrevista ao portal A12.com, ele declarou:

“A família é o sustento, é a vida deles. Eles vivem em função das famílias. No acampamento ninguém passa fome. Quem está de fora não conhece. Quando a gente conhece de fato o povo cigano, a gente percebe que há coisas muito belas”.

Segundo o pe. Wallace, a pastoral procura conscientizar e motivar as dioceses onde existam esses povos a iniciarem um trabalho mais profundo de acolhimento. Ele observa que a grande maioria dos ciganos é católica, embora eles vivam uma religiosidade popular própria da sua cultura. Batizam os filhos e valorizam o sacramento do matrimônio, a catequese e as celebrações litúrgicas.

Pastoral dos Nômades e Aleteia PT

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